A saga de um brasileiro

Não era para vazar para a mídia. Afinal questão de segurança nacional é para deixar na "encolha". São anos de estudos, testes e idéias mirabolantes. Às vezes me pergunto como pode um ser humano ter tantas idéias assim... Não saberemos nunca responder se não encararmos a realidade como ela é: estamos tratando de um gênio, um superdotado.

Aos dezoito anos, o menino Didil entra para o serviço militar, meses depois o Tiro de Guerra de Campos já despontava como Batalhão elite na Arma de Comunicações, tendo Dilmar como Coordenador de Operações. Seria um comandante em breve caso não saísse do Exército para ajudar sua família.

Dilmar começou pacato em Campos - RJ. Trabalhava na olaria de seu pai. Puxava telha o dia todo. Dilmar pensou longe e bolou o Pró-Alcool. Quem não se lembra? Aquela baixada campista se transformou em plantação de cana-de-açúcar. Os donos de engenho quebraram... Os usineiros ganhavam espaço.

Aquele rapaz com visão aguçada como a de uma águia prateada projetou várias usinas. Afinal era uma tecnologia nunca antes pensada: produção de álcool a partir da cana-de-açúcar em larga escala. Dilmar foi peça fundamental para o sucesso daquele programa. Os usineiros devem muito à figura de Dilmar Rangel da Silva.

O lucro - mal que entorpece a raça humana - fez com que os usineiros boicotassem a produção de álcool para gerar escassez do produto e consequente aumento nas tarifas. O álcool entra em declínio e Dilmar se vê novamente forçado a bolar novas oportunidades, mirar novos horizontes.

Dilmar parte para Vitória. Pensava: - Eu preciso ir para um lugar que me incentive. Que tenha um nome que faça jus à minha linhagem. Não quero só a Vitória. Quero a Grande Vitória. Seus planos começam a ser desenhados em papel de pão - que o diabo amassou.

Ele começa por baixo. Não queria levantar suspeitas sobre seus projetos. Um carreteiro de um modesto terminal portuário em Vila Velha, Região da Grande Vítória - ES. Com suas dicas aos supervisores o TVV triplica sua capacidade de movimentação de conteineres em um ano.

O tempo passa e Dilmar, sempre simples e modesto, se entranha no radioamadorismo capixaba fundando o CTVV: Centro Tecnológico de Vila Velha. Os radioamadores passam a conhecê-lo por seus dotes em consertos de equipamentos e transceptores. Sua especialidade: IC-706 MK-II G.

A sorte já estava lançada. A despeito de alguns que continuavam desacreditá-lo perante a sociedade local apesar de terem sido muito bem atendidos em serviços prestados. Infâmias, blasfêmias, insanes... Chegaram a utilizar termos no mínimo pejorativos, como: laborobosta (sic).

A mediocridade destes poucos não permitia enxergar, como a cegueira que trata o escritor português José Saramago, a grandiosidade dos projetos daquele homem - uma mega rede de comunicação via rádio que agregue vários serviços, finalidades, locais, pessoas, culturas e povos.

Já que estamos na chuva, porque não se molhar? Esta é apenas a primeira parte do projeto. Afinal comunicação interplanetária já é algo tratado por Dilmar em várias ocasiões. O objetivo final é "linkar" toda a Terra com a Lua e Marte. As estações mais próximas.

Num primeiro momento parece estranho, mas é preciso ter uma visão além do alcance como um Thunder Cat junto à espada Justiceira. No início deverão ser "linkadas" a 145210 com a 145450, daí para a 146930 é um pulo, junta com o Aritôa e vai a 145500 do seu Roberto e mais a 146790, de lá vai para a 146990 que volta para o Echolink em 147500, pega a do Pretti 147350 e junta com a Papa Mike, que vai à Papa Charlie, que volta para a Papa Fox. Daí pega a Poeira e a Bolinha e junta com o Lixão e mais a faixinha e os canais do Papa Xingú e linka tudo com a 146440 para ver se aparece mais alguém para falar por alí...

É difícil de acreditar mas ainda tem gente que acredita em tudo que se ouve, em tudo que se vê, em tudo que se cheira...

Dilmar não. Como um urubu - animal precioso na cadeia ecológica - reconhece o cheiro pútrido de longe... Não dá mais ouvidos à verborragia onomatopeica que beira à insanidade mental.